Cacau Amaral
Cineasta brasileiro
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
terça-feira, 9 de agosto de 2011
ENTREVISTA – Cacau Amaral: de Caxias para o mundo
Publicado em Polifonia Periférica
Natural de Duque de Caxias – RJ, cineasta, rapper e escritor. Cacau Amaral. Ligado à CUFA (Central Única de Favelas), participou de curta metragens e videoclipes realizados pela ela. Foi um dos realizadores do documentário Um ano e um dia, premiado em diversos festivais, inclusive no de Jovens Realizadores do Mercosul e na Mostra do Filme.Dirigiu, juntamente com Rodrigo Felha, o curta Arroz com Feijão, um dos episódios do aclamado 5x Favela – Agora por nós mesmos.
PP – Como e quando surgiu o seu interesse pela linguagem do cinema?
CACAU – Quando integrava o grupo de hip hop “Baixada Brothers”. A gente queria fazer um videoclipe e convidamos a Cia de Teatro Lomboko pra ajudar. Não sabíamos nada sobre filmagens, nem eles. Aí tivemos que aprender tudo juntos. Na ocasião, comecei a assistir o cinema russo e me apaixonei. Fiz meu primeiro filme, “1 Ano e 1 Dia”, e ganhei três prêmios, no Rio, Paraná e Ceará. Daí em diante foram mais seis curtas e um longa, o “5x Favela, agora por Nós Mesmos”.
PP – O que representa para você a linguagem do cinema?
CACAU – Mais uma forma de se expressar. Nos manifestamos de várias maneiras, através da música, do teatro, até mesmo escrevendo um email. O cinema veio pra somar nesse caldeirão, pois ele dialoga com qualquer língua, qualquer povo, qualquer cultura.
PP – Como foi a sua trajetória de sua primeira direção “1 ano e 1 dia” em 2004 até “5x Favela” em 2010? O que mais te marcou? Quais as principais lições?
CACAU – Realizamos “1 Ano e 1 Dia” apenas para agradar nossos vizinhos. Costumamos dizer que não dirigimos esse filme, só apontamos a câmera para onde os moradores nos indicavam. É claro que tem a mão pesada do editor, mas nessa época pouco sabíamos sobre cinema. Os prêmios foram uma grande surpresa, pois nem inscreveríamos o filme em festivais. As pessoas assistiam e diziam que era pra inscrever, mas a gente achava o filme muito pessoal pra gente e pros moradores, não imaginávamos que dialogaria tão bem com o público. Passamos o ano viajando pelo Brasil inteiro para participar dos festivais e no ano seguinte senti saudades dessa rotina. Fiz o “Melhor que um poema”, que não gostei do resultado na época. Ficava comparando com “1 Ano e 1 Dia” e achava que estava faltando algo. O “Guerreiras do Brasil” foi o terceiro filme. Veio no ano seguinte e ganhou uma menção honrosa em Minas Gerais, no Festival Favela é Isso Aí. Começaram a me chamar de documentarista. Adorava o tipo, mas queria fazer ficção. Fiz a animação “As aventuras de Agente 77” e recebi mais uma menção honrosa no Festival Visões Periféricas. O filme que eu acreditava não ter dado certo acabou recebendo uma menção honrosa em São Paulo, no Festival de Itu. Daí eu percebi que esse negócio de filme ruim é muito relativo. A gente faz o filme primeiro pensando na gente. Se o bairro gostar, é o momento de levar pra cidade. Depois pro estado e isso não pára nunca. Sempre tem alguém que se identifica com a sua ideia. Fiz outra ficção “À meia-noite morrerei três vezes”. Até que o Cacá Diegues me convidou para dirigir o “5x Favela”.
PP – Como surgiu o Cineclube Mate com Angu?
CACAU – A gente saía pra assistir os filmes que a gente gostava e não achava nada pela Baixada. Tínhamos que pegar dois, três ônibus pra assistir o que queria e acabava encontrando um monte de gente que morava no mesmo lugar e tinha a mesma dificuldade de locomoção. Daí surgiu a ideia: por que não se juntar e passar os filmes pra nós mesmos assistirmos em Caxias. Isso foi há nove anos. No início a ideia era essa, só pra gente, mas o público foi aumentando e tivemos que procurar um espaço maior. Ocupamos a Sociedade Musical Lira de Ouro e não saímos de lá nunca mais. Hoje temos três cineclubistas na direção da Lira, inclusive na presidência. Naquele tempo não tinha nenhuma atividade cineclubista na Baixada, hoje somos mais de dez cineclubes. Às vezes me perguntam por que a Baixada tem tanto cineclube e a gente sempre responde. Nada disso seria possível se não fosse a má distribuição dos filmes na periferia. Agradecemos a morte do cinema na década de 1990. Sem ela não existiria Mate com Angu. Há males que vêm para bem!
PP – Há várias organizações, que atuam na periferia, desenvolvendo oficinas de audiovisual que vem se tornando uma importante linguagem para periferia. Como você analisa essa apropriação do audiovisual pela periferia?
CACAU -Não me canso de repetir. Sou agradecido a todos aqueles que isolaram a gente da cultura. A gente perambulou, perambulou, deu um monte de cabeçada uns nos outros, mas depois percebemos que não precisamos de modelos alienígenas para caminhar. Olhamos à nossa volta e vemos a cultura brotar de dentro da pedra. Usamos essa cultura da maneira que podemos, a princípio com máquinas simples e a cada dia que passa mais e mais integrados ao aparato tecnológico. Quanto mais fomentamos cultura, mais entendemos que os recursos são nossos. Hoje além de projetar os filmes dos outros, produzimos nossos próprios filmes. E não fazemos isso apenas para a periferia. Fazemos porque acreditamos que todos devem ter acesso à cultura de qualidade, seja nas periferias ou nos centros. Não vamos repetir o equívoco do passado, onde se produzia conteúdo para poucos. O que é produzido na periferia é para o mundo.
PP – A periferia nunca produziu tanta literatura, poesia, CDs, filmes, documentários e etc. Como você analisa essa produção e o retorno que tem trazido para as periferias?
CACAU – É um momento. Viemos de um passado muito pobre de produção e hoje estamos entrando, meio que, na base do pé na porta. Estamos distribuindo o conteúdo, mas ainda é embrionário. Ainda não referendamos uma forma de ganhar dinheiro com isso. Ainda dependemos das grandes corporações para fazer distribuições relevantes de livros, filmes, discos. Assistimos o samba virar referência nacional, mas isso não impulsionou a ascensão econômica dos criadores do samba. O funk carioca virou a grande galinha dos ovos de ouro. Saiu do Rio pra São Paulo, pra Europa; e daí? Como estão nossos MCs? Precisamos impulsionar uma economia inteligente onde não vamos falir novamente e, em consequência, limitar nosso fluxo produtivo como no passado.
PP – Novos projetos?
CACAU – “Donana” é um documentário que interrompi pra fazer o “5x Favela”. Ele conta a história de gente que pensou o cenário musical brasileiro desde os anos 1980. Hoje assistimos as bandas consagradas no cenário musical brasileiro, Cidade Negra, O Rappa, KMD5, Nocaute, Cabeça de Nego. Mas pouca gente sabe que todo esse trabalho teve uma semente germinada na casa de Dona Ana. Onde a capoeira, o reggae e a moda expulsaram o estigma de cidade mais violenta do mundo, construído em favor da especulação imobiliária de Belford Roxo.
PP – Uma mensagem final.
CACAU – A gente tem muita riqueza nesse país, cara. Não era pra discriminar as pessoas assim como fazemos. Pra que essa coisa de poucos pretos em toda instituição que a gente chega? Por que as mulheres têm que ganhar menos que os homens se fazem o mesmo trabalho? Alguma coisa tem ser feita. Vamos fazer um filme!
Acesse o blog do cineasta e conheça mais seus trabalhos
http://cacauamaral.wordpress.com/
Entrevista publicada em: http://www.polifoniaperiferica.com.br/?p=473
Natural de Duque de Caxias – RJ, cineasta, rapper e escritor. Cacau Amaral. Ligado à CUFA (Central Única de Favelas), participou de curta metragens e videoclipes realizados pela ela. Foi um dos realizadores do documentário Um ano e um dia, premiado em diversos festivais, inclusive no de Jovens Realizadores do Mercosul e na Mostra do Filme.Dirigiu, juntamente com Rodrigo Felha, o curta Arroz com Feijão, um dos episódios do aclamado 5x Favela – Agora por nós mesmos.
PP – Como e quando surgiu o seu interesse pela linguagem do cinema?
CACAU – Quando integrava o grupo de hip hop “Baixada Brothers”. A gente queria fazer um videoclipe e convidamos a Cia de Teatro Lomboko pra ajudar. Não sabíamos nada sobre filmagens, nem eles. Aí tivemos que aprender tudo juntos. Na ocasião, comecei a assistir o cinema russo e me apaixonei. Fiz meu primeiro filme, “1 Ano e 1 Dia”, e ganhei três prêmios, no Rio, Paraná e Ceará. Daí em diante foram mais seis curtas e um longa, o “5x Favela, agora por Nós Mesmos”.
PP – O que representa para você a linguagem do cinema?
CACAU – Mais uma forma de se expressar. Nos manifestamos de várias maneiras, através da música, do teatro, até mesmo escrevendo um email. O cinema veio pra somar nesse caldeirão, pois ele dialoga com qualquer língua, qualquer povo, qualquer cultura.
PP – Como foi a sua trajetória de sua primeira direção “1 ano e 1 dia” em 2004 até “5x Favela” em 2010? O que mais te marcou? Quais as principais lições?
CACAU – Realizamos “1 Ano e 1 Dia” apenas para agradar nossos vizinhos. Costumamos dizer que não dirigimos esse filme, só apontamos a câmera para onde os moradores nos indicavam. É claro que tem a mão pesada do editor, mas nessa época pouco sabíamos sobre cinema. Os prêmios foram uma grande surpresa, pois nem inscreveríamos o filme em festivais. As pessoas assistiam e diziam que era pra inscrever, mas a gente achava o filme muito pessoal pra gente e pros moradores, não imaginávamos que dialogaria tão bem com o público. Passamos o ano viajando pelo Brasil inteiro para participar dos festivais e no ano seguinte senti saudades dessa rotina. Fiz o “Melhor que um poema”, que não gostei do resultado na época. Ficava comparando com “1 Ano e 1 Dia” e achava que estava faltando algo. O “Guerreiras do Brasil” foi o terceiro filme. Veio no ano seguinte e ganhou uma menção honrosa em Minas Gerais, no Festival Favela é Isso Aí. Começaram a me chamar de documentarista. Adorava o tipo, mas queria fazer ficção. Fiz a animação “As aventuras de Agente 77” e recebi mais uma menção honrosa no Festival Visões Periféricas. O filme que eu acreditava não ter dado certo acabou recebendo uma menção honrosa em São Paulo, no Festival de Itu. Daí eu percebi que esse negócio de filme ruim é muito relativo. A gente faz o filme primeiro pensando na gente. Se o bairro gostar, é o momento de levar pra cidade. Depois pro estado e isso não pára nunca. Sempre tem alguém que se identifica com a sua ideia. Fiz outra ficção “À meia-noite morrerei três vezes”. Até que o Cacá Diegues me convidou para dirigir o “5x Favela”.
PP – Como surgiu o Cineclube Mate com Angu?
CACAU – A gente saía pra assistir os filmes que a gente gostava e não achava nada pela Baixada. Tínhamos que pegar dois, três ônibus pra assistir o que queria e acabava encontrando um monte de gente que morava no mesmo lugar e tinha a mesma dificuldade de locomoção. Daí surgiu a ideia: por que não se juntar e passar os filmes pra nós mesmos assistirmos em Caxias. Isso foi há nove anos. No início a ideia era essa, só pra gente, mas o público foi aumentando e tivemos que procurar um espaço maior. Ocupamos a Sociedade Musical Lira de Ouro e não saímos de lá nunca mais. Hoje temos três cineclubistas na direção da Lira, inclusive na presidência. Naquele tempo não tinha nenhuma atividade cineclubista na Baixada, hoje somos mais de dez cineclubes. Às vezes me perguntam por que a Baixada tem tanto cineclube e a gente sempre responde. Nada disso seria possível se não fosse a má distribuição dos filmes na periferia. Agradecemos a morte do cinema na década de 1990. Sem ela não existiria Mate com Angu. Há males que vêm para bem!
PP – Há várias organizações, que atuam na periferia, desenvolvendo oficinas de audiovisual que vem se tornando uma importante linguagem para periferia. Como você analisa essa apropriação do audiovisual pela periferia?
CACAU -Não me canso de repetir. Sou agradecido a todos aqueles que isolaram a gente da cultura. A gente perambulou, perambulou, deu um monte de cabeçada uns nos outros, mas depois percebemos que não precisamos de modelos alienígenas para caminhar. Olhamos à nossa volta e vemos a cultura brotar de dentro da pedra. Usamos essa cultura da maneira que podemos, a princípio com máquinas simples e a cada dia que passa mais e mais integrados ao aparato tecnológico. Quanto mais fomentamos cultura, mais entendemos que os recursos são nossos. Hoje além de projetar os filmes dos outros, produzimos nossos próprios filmes. E não fazemos isso apenas para a periferia. Fazemos porque acreditamos que todos devem ter acesso à cultura de qualidade, seja nas periferias ou nos centros. Não vamos repetir o equívoco do passado, onde se produzia conteúdo para poucos. O que é produzido na periferia é para o mundo.
PP – A periferia nunca produziu tanta literatura, poesia, CDs, filmes, documentários e etc. Como você analisa essa produção e o retorno que tem trazido para as periferias?
CACAU – É um momento. Viemos de um passado muito pobre de produção e hoje estamos entrando, meio que, na base do pé na porta. Estamos distribuindo o conteúdo, mas ainda é embrionário. Ainda não referendamos uma forma de ganhar dinheiro com isso. Ainda dependemos das grandes corporações para fazer distribuições relevantes de livros, filmes, discos. Assistimos o samba virar referência nacional, mas isso não impulsionou a ascensão econômica dos criadores do samba. O funk carioca virou a grande galinha dos ovos de ouro. Saiu do Rio pra São Paulo, pra Europa; e daí? Como estão nossos MCs? Precisamos impulsionar uma economia inteligente onde não vamos falir novamente e, em consequência, limitar nosso fluxo produtivo como no passado.
PP – Novos projetos?
CACAU – “Donana” é um documentário que interrompi pra fazer o “5x Favela”. Ele conta a história de gente que pensou o cenário musical brasileiro desde os anos 1980. Hoje assistimos as bandas consagradas no cenário musical brasileiro, Cidade Negra, O Rappa, KMD5, Nocaute, Cabeça de Nego. Mas pouca gente sabe que todo esse trabalho teve uma semente germinada na casa de Dona Ana. Onde a capoeira, o reggae e a moda expulsaram o estigma de cidade mais violenta do mundo, construído em favor da especulação imobiliária de Belford Roxo.
PP – Uma mensagem final.
CACAU – A gente tem muita riqueza nesse país, cara. Não era pra discriminar as pessoas assim como fazemos. Pra que essa coisa de poucos pretos em toda instituição que a gente chega? Por que as mulheres têm que ganhar menos que os homens se fazem o mesmo trabalho? Alguma coisa tem ser feita. Vamos fazer um filme!
Acesse o blog do cineasta e conheça mais seus trabalhos
http://cacauamaral.wordpress.com/
Entrevista publicada em: http://www.polifoniaperiferica.com.br/?p=473
domingo, 7 de agosto de 2011
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
5x Favela na UFRJ
Fui convidado, pela minha ex-professora Shirley Torquato, a proferir uma das aulas do curso de pós-graduação “A favela filmada e cantada”, no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais IFCS- UFRJ; que faz parte do pacote “As favelas cariocas e seu lugar na cidade. Aproximações ao debate”.
Exibimos o “5x Favela, agora por nós mesmos” e fizemos um amplo bate papo com os alunos sobre a realização do filme, acompanhados dos professores Luiz Antonio Machado da Silva, Márcia da Silva Pereira Leite, Marco Antonio da Silva Mello.
11/5/2011
Exibimos o “5x Favela, agora por nós mesmos” e fizemos um amplo bate papo com os alunos sobre a realização do filme, acompanhados dos professores Luiz Antonio Machado da Silva, Márcia da Silva Pereira Leite, Marco Antonio da Silva Mello.
11/5/2011
Marcadores:
5xfavela cinema hip hop cufa mate com angu
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
quarta-feira, 20 de julho de 2011
domingo, 17 de julho de 2011
UPP - Unidade de poesia dos pretos
Caminhando em frente a rodoviária ouvi um poeta cochichar com outro que acabara de descer do ônibus: "A repressão é forte, mas após às 10 da noite a gente vende quantos livros quiser."
Entendi que além da FLIP, Flipinha, Flipzona e Off Flip; existe uma outra feira acontecendo em Paraty. Não precisa ter olhos de águia para enxergar isso. Já no primeiro dia era possível ver o Borboleta de Mesquita vendendo suas histórias em quadrinhos; o casal de autores de cordel da Paraíba; o Chapolin; os poetas maloqueiristas... Fora uma porrada de gente que passa desapercebido aos nossos olhos. Uma porrada de autotes que se mantém uma semana em Paraty, sabe lá Deus como, vendendo e difundindo a literatura brasileira. Gritando "Vamos ler os poetas vivos!"
Longe dos holofotes essa galera faz a gente refletir sobre o que é mais ou menos relevante para a arte de nosso país. Seja em uma das mais badaladas mesas, onde Joe Sacco difundia seu jornalismo da ilha de Malta, que nos transporta direto pras batalhas da Faixa de Gaza com suas atmosferas em quadrinhos que cospem em nossa insistência por colocar panos quentes no mito da objetividade. Seja nas mesas do pequeno Zaratustra, onde o poeta da praia do sono divide seus microcontos e desaforismos com a plateia.
Sérgio Vaz e sua trupe simplesmente detonaram o sarau do Zaratustra na noite de sábado. De longe o melhor momento da semana. Os poetas do Cooperiferia rasgaram a boca com sua arte descaradamente engajada, como eles mesmos berraram ao microfone. "Não nos peçam a paz porque queremos guerra". Ou ainda: "Vamos implantar a nossa UPP - Unidade de poesia dos pretos".
[caption id="attachment_1157" align="alignnone" width="612" caption="Cooperiferia no sarau. Arte descaradamente engajada - Cacau Amaral na Flip"][/caption]
[caption id="attachment_1158" align="alignnone" width="612" caption="Off Flip - Microcontos diretos da Praia do Sono no Zaratustra - Cacau Amaral na Flip"][/caption]
[caption id="attachment_1159" align="alignnone" width="612" caption="Público assiste David Byrne por trás da grade - Cacau Amaral na Flip"][/caption]
Entendi que além da FLIP, Flipinha, Flipzona e Off Flip; existe uma outra feira acontecendo em Paraty. Não precisa ter olhos de águia para enxergar isso. Já no primeiro dia era possível ver o Borboleta de Mesquita vendendo suas histórias em quadrinhos; o casal de autores de cordel da Paraíba; o Chapolin; os poetas maloqueiristas... Fora uma porrada de gente que passa desapercebido aos nossos olhos. Uma porrada de autotes que se mantém uma semana em Paraty, sabe lá Deus como, vendendo e difundindo a literatura brasileira. Gritando "Vamos ler os poetas vivos!"
Longe dos holofotes essa galera faz a gente refletir sobre o que é mais ou menos relevante para a arte de nosso país. Seja em uma das mais badaladas mesas, onde Joe Sacco difundia seu jornalismo da ilha de Malta, que nos transporta direto pras batalhas da Faixa de Gaza com suas atmosferas em quadrinhos que cospem em nossa insistência por colocar panos quentes no mito da objetividade. Seja nas mesas do pequeno Zaratustra, onde o poeta da praia do sono divide seus microcontos e desaforismos com a plateia.
Sérgio Vaz e sua trupe simplesmente detonaram o sarau do Zaratustra na noite de sábado. De longe o melhor momento da semana. Os poetas do Cooperiferia rasgaram a boca com sua arte descaradamente engajada, como eles mesmos berraram ao microfone. "Não nos peçam a paz porque queremos guerra". Ou ainda: "Vamos implantar a nossa UPP - Unidade de poesia dos pretos".
[caption id="attachment_1157" align="alignnone" width="612" caption="Cooperiferia no sarau. Arte descaradamente engajada - Cacau Amaral na Flip"][/caption]
[caption id="attachment_1158" align="alignnone" width="612" caption="Off Flip - Microcontos diretos da Praia do Sono no Zaratustra - Cacau Amaral na Flip"][/caption]
[caption id="attachment_1159" align="alignnone" width="612" caption="Público assiste David Byrne por trás da grade - Cacau Amaral na Flip"][/caption]
Assinar:
Postagens (Atom)